terça-feira, 25 de setembro de 2018

Primeiro dia de estágio

Ontem foi minha primeira aula do estágio.
Trata-se de uma turma de EJA (na verdade duas, pois a T11 e a T21 são atendidas juntas) da E.M.E.F. Judith Macedo de Araújo.

Eu estava nervosa, ansiosa, não tinha ideia do que e como iria acontecer. A professora ficou um tempo na sala para me auxiliar e depois saiu.

Meu plano de aula acabou na metade da aula, pois os alunos foram mais rápidos do que eu imaginei. Adiantei uma parte do plano da aula de hoje e, por sorte, eu tinha algumas atividades que preparei para momentos como esse.

Me deparei com uma heterogeneidade da turma que, embora eu soubesse que existia, pelas conversas com a professora e observações, me vi no papel de ter que mediá-la. Uma grande diversidade de idades, de níveis de aprendizagem, gostos... foi um desafio... ou melhor... está sendo!!!!

Há alunos que já conseguem formar frases, enquanto outros ainda não tem o valor sonoro das palavras... outros que sabem ler, mas não escrever... outros que sabem ler, mas pensam que não sabem...

Havia somente 9 alunos na aula. Pude dar atenção a todos, conversar, propor, contemplar...

As falas ao final da aula foram positivas. Eles parecem ter gostado.

E  eu sai encantada!!!! A vontade deles de aprender, de saber, de conseguir ler é algo que emociona.

Que venha as próximas 176 horas de estágio...

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Matemática e Artes Visuais

A Interdisciplina Matemática nos deu como tarefa criar uma atividade em que trabalhássemos com nossos alunos bidimensionalidade e tridimensionalidade. Para nos orientar, disponibilizou um vídeo de um material desenvolvido e pesquisado pelo Professor Eduardo Scorzelli.

Link para acessar o material:
https://pt.slideshare.net/kadusp/linguagem-bidimensional-e-tridimensional

O material é de excelente qualidade e está totalmente relacionado com Artes Visuais, pois apresenta materiais artísticos para exemplificar os conceitos de bidimensionalidade e tridimensionalidade.
Não tivemos a Interdisciplina de Artes Visuais por problemas técnicos da administração do curso, e não sei se teremos a oportunidade de cursá-la. Esse vídeo, no entanto, nos oferece uma excelente oportunidade de relacionarmos estas duas áreas do conhecimento, e entender o quanto elas têm em comum.

Nesse vídeo temos a oportunidade de conhecer um pouco da obra do artista gráfico holandês Maurits Cornelis Escher, que, com suas representações de construções impossíveis, nos proporciona um exercícios de ilusão de ótica.



Fica a sugestão de assistir o vídeo, pesquisar um pouco mais sobre a vida e obra de Escher e montar um projeto para trabalhar Artes Visuais e Matemática de uma forma super interdisciplinar!

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Experiência


Na postagem anterior citei brevemente o texto Notas sobre experiência e o saber de experiência, de Jorge Larrosa Bondía. Hoje quero “explorá-lo” melhor por achar que é um texto que nos sussita muitas reflexões sobre diversas coisas em nossa vida, mas principalmente sobre nossa prática pedagógica.

O autor inicia o texto propondo pensarmos a educação a partir do par experiência/sentido. Segue chamando atenção para o que chamou de poder das palavras. “Creio que fazemos coisas com as palavras e, também, que as palavras fazem coisas conosco” (BONDÍA, 2002, P. 21). O texto segue fazendo uma longa exposição em que a “palavra” é extremamente valorizada pelo autor.

O homem é um vivente com palavra. E isto não significa que o homem tenha a palavra ou a linguagem como uma coisa, ou uma faculdade, ou uma ferramenta, mas que o homem é palavra, que o homem é enquanto palavra, que todo humano tem a ver com a palavra, se dá em palavra, está tecido de palavras, que o modo de viver próprio do vivente, que é o homem, se dá na palavra e com palavra (BONDÍA, 2002, P. 21).

Aqui gostaria de fazer um contraponto citando o livro Vozes plurais, da filósofa italiana Adriana Cavarero (2011). Neste livro Cavarero resgata a unicidade da voz, que, segundo a autora, perdeu seu status na Modernidade.

O primeiro lugar é ocupado por uma constatação tão simples quanto fundamental. A tradição filosófica não se limita a ignorar a unicidade das vozes, mas ignora a unicidade como tal, de qualquer modo que ela se manifeste. A singularidade inimitável de cada ser humano, a unicidade encarnada que distingue cada um de qualquer outro, é, para os gostos universalistas da filosofia um dado supérfluo, se não desconcertante, além de epistemológicamente impróprio. Por mais desestimulante que seja, isso não basta para liquidar a importãncia temática da voz. A voz não pode se tornar um tema indiferente para um tipo de saber que se inaugura na Grécia como autoclarificação do logos e que chega no século XX, após vários e coerentes desdobramentos que duram alguns milênios, à tematização obsessiva da linguagem (CAVARERO, 2011, p. 24).


Mas voltemos a questão da experiência, que é o que mais me interessa na narativa de Bondía. E para isso, cito uma frase do autor que dá setido ao tema: A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca (p. 21). Não devemos confundir experiência com informação, pois a informação impede que a experiência aconteça. O saber da experiência é diferente do saber coisas, de acumular informações.
Bondía atribui o “excesso de opinião” que atualmente estamos acostumados a ter sobre tudo e sobre todos, um dos impedidores da experiência. “Para nós, a opinião, como a informação, converteu-se em um imperativo” (p. 22). Também a falta de tempo, é fator desconstrutor da experiência. “Tudo o que se passa passa demasiadamente depressa. E com isso se reduz o estímulo fugaz e instantâneo, imediatamente substituído por outro estímulo ou por outra excitação igualmente fugaz e efêmera” (p. 23). Excesso de trabalho também é as vezes confundido com experiência.

A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar,parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismoda ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço (BONDÍA, 2002, p. 24).

O autor segue o texto escrevendo sobre o sujeito da experiência e o que sobre o que a própria palavra experiência nos diz. São reflexões igualmente maravilhosas, mas por hoje ficaremos som essa primeira parte que já é bastante provocante.

Se considerarmos a experiência como que Bondía, pergunto: o que fazemos para proporcionarmos experiências aos nossos alunos? Será que damos o tempo necessário a eles para que ocorra a experiência? Quantas vezes nos preocupamos em ocupá-los o máximo possível com tarefas, a fim de que não parem de trabalhar... cobramos suas opiniões, oferecemos excessivas informações...
Quando paramos para dar tempo a cada um dos nossos alunos pensarem, acharem soluções...

E será que prestar mais atenção na voz, no som por si só, naquele que identifica cada pessoas por ele mesmo, com sua unicidade, como propõe Cavarero... não seria uma experiência?

Talvez nas séries iniciais seja mais fácil dar tais oportunidades aos alunos, porém esse processo se perde nas séries finais, seja pela falta de recursos, “fatiamento do tempo” (DRUMMOND apud OLIVEIRA et all,s/d), ou tantos outros impecilhos que encontramos no dia a dia.
É preciso ler textos como os de Bondía para nos “balançar”, no fazer “parar para pensar” e dar tempo aos nossos alunos e a nós mesmos, nos deixar ter experiências...

Referências

BONDÍA, Jorge Larosa. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Rev. Bras. Educ. [on line]. 2002, n. 19, p. 20-28.

CAVARERO, Adriana. Vozes plurais: filosofia da expressão vocal. Tradução: Flavio Terrigno Barbeitas. Belo Horizonte: UFMG, 2011.

OLIVEIRA, Cristiane Elvira de Assis et all. Questões sobre o tempo no espaço escolar. s/d. Disponível em: <http://www.ufjf.br/espacoeducacao/files/2009/11/cc07_1.pdf>. Acesso em 11 set. 2018.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Primeira orientação para o estágio

Ontem, dia 10 de setembro, segunda-feira, tivemos nossa primeira orientação de estágio com a Professora Tânia Marques. Como não havia sala disponível na FACED, fizemos nosso encontro no ICS. A professora disponibilizou o horário das 16h às 20h, sendo que as alunas chegavam e saíam a qualquer tempo, dependendo de suas disponibilidades.

Regado a café, bolachas e pipocas, conversamos, trocamos ideias e recebemos as orientações!

As perguntas eram muitas, dúvidas quanto ao período de estágio, algumas ainda sem escolas... como fazer? como planejar?

Em linhas gerais, recebemos as seguintes orientações:

Devemos, no PB Works, escrever sobre nossa escola, nossa turma e ainda fazer o plano de estágio.

Semanalmente devemos fazer o planejamento e, ao final de cada semana, fazer uma reflexão sobre nossa prática.

Uma coisa que questionei foi a necessidade de fazermos o planejamento uma semana antes de aplicá-lo. Entendo que há a necessidade de tempo para que a professora e a tutora o leiam, porém, penso que, para fazer o planejamento semanal, preciso refletir sobre como aconteceu a semana que passou, ou seja, eu precisaria planejar no final de semana, para aplicá-lo na semana imediatamente posterior, pois deve ser uma continuidade do desenrolar do processo. Porém não daria tempo das professoras lerem.

Considero esse ponto um impasse. Impasse surgido devido as condições impostas pelo sistema universitário, pela correria do dia a dia, pelo nosso ritmo de vida. Estou ciente de que o planejamento será em linhas muito gerais, pois terei que adaptá-lo de acordo com o andamento das atividades.

Quero fazer algumas reflexões sobre o tempo. Para isso voltei ao texto de Oliveira et all (s/d) nos oferecido na Interdisciplina Representação do Mundo pelos Estudos Sociais. Este texto, com título de Questões sobre o tempo no espaço escolar, coloca a disparidade entre o "tempo escolar", dividido em anos letivos, trimestres, períodos, e o tempo de aprendizagem dos alunos. Ou mesmo o tempo do professore, o tempo de planejar, de refletir, de trocar com seus pares.
Ao lado disso, temos o texto de Jorge Larrosa Bondía, Notas sobre a experiência e o saber de experiência, que está sendo trabalhado nas interdisciplinas Educação à Distância e Ambientes de Aprendizagem e Cultura Digital e Mídias Móveis na Educação. Esse autor coloca a experiência como algo "que nos passa, que nos acontece, que nos toca". Entre outros fatores que não permitem que tenhamos experiências, é a falta de tempo. A loucura do dia a dia não nos permite parar para experienciar, para deixar-se tocar, afetar...

Agora, na situação de estagiária, me vejo sobre o impasse do "tempo". Diante da falta dele, não poderei planejar sobre a minha reflexão, pois o planejamento já estará pronto!!! Afora os milhões de outras coisas que tenho para fazer além do estágio (trabalho, doutorado, casa, família...) que também recai sobre o fator "tempo", pequenos impasses como este nos atrapalham e prejudicam o andamento dos projetos.

Este foi só um exemplo para pensarmos o quanto as pequenas coisas que acontecem no dia a dia nos causam empecilhos que temos que contornar e resolver...



Referências:

BONDÍA, Jorge Larosa. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Rev. Bras. Educ. [on line]. 2002, n. 19, p. 20-28.

OLIVEIRA, Cristiane Elvira de Assis et all. Questões sobre o tempo no espaço escolar. s/d. Disponível em: <http://www.ufjf.br/espacoeducacao/files/2009/11/cc07_1.pdf>. Acesso em 11 set. 2018.

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Inclusão na Educação de Jovens e Adultos


Volto a escrever sobre a Educação de Jovens e Adultos porque farei o estágio nesta modalidade de ensino e tenho pensado sobre as especificidades que ela possui. Além das características dos alunos da EJA já tão comentadas na nossa Interdisciplina Educação de Jovens e Adultos, a turma que farei o estágio se caracteriza por ter um grande número de alunos de inclusão. Falo de problemas de aprendizagem, pessoas com deficiências mentais, alguns bastante graves. Isto significa que terei que criar estratégias não só para trabalhar com alunos da EJA, mas também para trabalhar com alunos de inclusão.
Encontrei um texto cujo título é Inclusão na Educação de Jovens e Adultos, de Christofoli (2009). Este título me chamou atenção, por achar que trataria de inclusão nos termos de deficiências mentais.  É um texto bastante interessante, em que a autora retoma o histórico da EJA no Brasil e trata da diversidade do público da EJA, citando alunos deficientes. Mas não trata especificamente sobre o assunto.
É hora de fazer uma síntese das Interdisciplinas EJA e Educação de Pessoas com Necessidades Especiais e me imbuir de teorias que possam me auxiliar. Pensar numa prática que contemple estas duas especificidades da turma que farei o estágio. Duplo desafio!!!!


Referências
CHRISTOFOLI, Maria Conceição Pillon. Inclusão na Educação de Jovens e Adultos. In: MEDEIROS, Isabel Leticia; MORAES, Salete Campos de; SOUZA, Magali Dias de. Inclusão Escolar: práticas e teorias. Porto Alegre: Redes, 2009.