Antes de colocar minhas sensações, é preciso que explique minha relação com a turma. Não sou professora efetiva deles, sou o que na Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre, dentro da proposta de Ciclos, chama de Volante. Originalmente, o professor volante deveria entrar em sala de aula em períodos compartilhados com outros professores ou retirar da sala pequenos grupos que necessitam de mais atenção. Na prática, hoje o volante acaba, muitas vezes, substituindo algum professor que faltou.
Sendo assim, dou aulas para eles eventualmente. Mas mesmo assim, resolvi arriscar e propor a eles que fizessem as perguntas, mesmo correndo o risco de não conseguir tocar o projeto adiante.
Ao ler suas perguntas, me dei conta de quanto elas refletem o momento da vida desses alunos. E isso me emocionou. Fato que me remeteu a leitura do texto Aprendizagem amorosa: transformações na convivência de aceitação do outro como legítimo outro de Real e Picetti (s/d). As autoras expões, nesse texto, o quanto o vínculo afetivo entre professores e alunos é necessário para que ocorra aprendizagem além do ensino.
Na maioria das vezes estamos tão preocupados em apresentar os conteúdos a nossos alunos que esquecemos de "conhecê-los". E as perguntas que fizeram me fez pensar o quanto existe além dp que acontece na escola. E como é bom perceber que há formas de trazer essas angustias, preocupações, curiosidades dos alunos e transforma-las em aprendizagem. Para eles e para mim.
Algumas perguntas:
Por que o mundo é tão
grande?
Por que eu nasci?
Quantas pessoas há no
mundo?
Por que os números são
infinitos?
Por que existem
animais?
Por que existem outros
planetas além da Terra?
Será que existe vida em
outros planetas?
Será que os carros vão
ser voadores daqui a 100 anos?
Por que alguns colegas
são chatos?
Por que a minha mãe se
casou?
Por que os homens são
machistas?
Por que os homens são preguiçosos?
Por que existem músicas
de vários tipos?
Por que o leão é o rei
da natureza?
Por que o Jared e o
Jensen são lindos?
Por que as pessoas são
racistas?
Nós gostaríamos de
saber como é o oceano pacífico?
Minha curiosidade é
saber como é andar de avião.
Minha curiosidade é
saber porque os meninos não tem útero.
Minha curiosidade é
saber porque existe dor.
Minha curiosidade é saber porque ninguém é eterno.
Por que homem não pode
ter filho?
Por que o colégio solta
ceda nas quintas?
O que a professora
Judith fazia no colégio?
Por que falta classe e
cadeira no colégio?
O que são as estrelas?
Por que nesse mundo
existem pessoas más?
Por que as pessoas
brigam?
Por que existem pessoas
ciumentas?
Por que existem
crianças e adultos mimados?
Será que daqui a uns
anos a escola vai ser mais ajeitada?
Quem nasceu primeiro: o
ovo ou a galinha?
Quantos anos demora
para fazer uma escola?
Por que as pessoas
jogam lixo nos rios?
Nós gostaríamos de
saber como é a Disney.
Nós gostaríamos de
saber como era antes de ter a escola?
Referências
REAL, Luciane Magalhães Corte; PICETTI, Jaqueline. Aprendizagem amorosa: transformações na convivência de aceitação do outro como legítimo outro. Educação e Cidadania. Porto Alegre: UNIRITER, 2011. Disponível em: http://seer.uniritter.edu.br/index.php/educacaoecidadania/article/view/528/312. Acesso em 08 abr. 2017.
Olá Kenia, é o tutor Pablo. Estou ajudando na leitura dos blogs. Que interessante experiência de início de PA's com os estudantes. Tão legal e emocionante ver eles questionando livremente, certamente vai dar "muito pano pra manga". Abçs!
ResponderExcluir