quinta-feira, 29 de março de 2018

Cultura digital


Os professores da interdisciplina Educação e Tecnologias da Comunicação e da Informação sugeriram a leitura de alguns textos. Ao ler o texto "A cultura digital nas escolas: para além da questão do acesso às tecnologias digitais", de Lopes e Schlemmer, fiz algumas reflexões à partir do seguinte trecho:



Num pais de escala continental como o Brasil, as políticas e ações para a inclusão digital têm centrado seus esforços primordialmente em possibilitar o acesso a alguns recursos digitais, principalmente à internet. Porém, a reflexão sobre a via de exclusão que tem surgido em relação à cultura digital não pode ficar limitada às questões econômicas, à questão do acesso material aos aparatos tecnológicos que possibilitam o acesso ao mundo digital. É preciso levar em consideração a análise dos novos regimes cognitivos que se produzem em interação com as tecnologias digitais, principalmente nos espaços escolares, à medida que esses espaços passam a exercer papel primordial nas políticas públicas de inclusão digital. Nesse sentido, o problema de se fazer parte de uma cultura digital que entra na pauta das atribuições da escola traz à tona um duplo processo: técnico e simbólico; isto é, a discussão que envolve as tecnologias digitais exige que se leve em consideração tanto os aspectos técnicos quanto culturais. (LOPES; SCHLEMMER, 2012, p. 158).


A questão material é fundamental, ou seja, computadores, internet, são pontos básicos para que a inclusão digital aconteça. Mas há algumas considerações a fazer. Atualmente, mesmo em comunidades bastante pobres, a grande maioria dos alunos, pelo menos os adolescentes, possuem um celular. E diga-se de passagem, muitas vezes de ótima qualidade. Isso resolve, em parte, o problema do acesso à máquina. O acesso à internet, noto que muitos possuem, mas nem todos. O que vejo é um compartilhamento, entre os próprios alunos, da internet. Isso proporciona uma rica ferramenta de trabalho em sala de aula.

Mas temos dois pontos a considerar:

O uso do celular é proibido na sala de aula. A lei federal que estabelece essa proibição está afixada na parede de cada sala de aula. Ou seja, o uso do celular como ferramenta ainda não se tornou um hábito entre os professores.

E ainda: já presenciei situações em que os alunos foram solicitados pelos professores a pesquisarem em seus celulares. Em resposta, vieram protestos dos estudantes, pois não queriam gastar sua internet.

São estes dois pontos que me fizeram refletir sobre a questão da inclusão digital ser essencialmente uma questão cultural. O acesso às redes sociais é muito mais valorizado pelos estudantes do que uma pesquisa acadêmica. Não que não se possa fazer trabalhos interessantes através de uma rede social, mas arrisco a pensar que a inclusão digital não seria somente o acesso às tecnologias, mas muito mais que isso, fazer os alunos se interessarem por outros recursos que a internet oferece. Talvez seja esse o nosso principal papel na inclusão digital.

Referências:

LOPES, Daniel de Queiroz; SCHLEMMER, Eliane. A cultura digital nas escolas: para além da questão do acesso às tecnologias digitais. In: SEGATA, Jean; MÁXIMO, Maria Elisa; BALDESSAR, Maria José (Org). Olhares sobre a cibercultura. 1 ed. Florianópolis: CCE/UFSC, 2012.

sábado, 24 de março de 2018

"O menininho"


A Interdisciplina Didática, Planejamento e Avaliação nos propôs uma tarefa que, para ser realizada, precisamos fazer a leitura do texto "O menininho" de Helen Buckley. Reproduzo aqui para tecer alguns comentários que não pude fazer no texto da tarefa para não fugir do foco proposto.



                                                 “O menininho”
Helen Buckley

Era uma vez um menininho bastante pequeno que contrastava com a escola bastante grande.
Quando o menininho descobriu que podia ir à sala caminhando pela porta da rua, ficou feliz. A escola não parecia tão grande quanto antes.
Uma manhã a professora disse:
- Hoje nós iremos fazer um desenho.
“Que bom!”, pensou o menininho. Ele gostava de desenhar. Leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos... pegou sua caixa de lápis de cor e começou a desenhar.
- Esperem, ainda não é hora de começar!
Ela esperou até que todos estivessem prontos.
- Agora, nós iremos desenhar flores.
E o menininho começou a desenhar bonitas flores com seus lápis rosa, laranja e azul.
- Esperem, vou mostrar como fazer.
E a flor era vermelha com o caule verde.
- Assim, disse a professora, agora vocês podem começar.
O menininho olhou para a flor da professora, então olhou para a sua flor. Gostou mais da sua flor, mas não podia dizer isto... virou o papel e desenhou uma flor igual a da professora. Era vermelha com o caule verde.
No outro dia, quando o menininho estava ao ar livre, a professora disse:
- Hoje nós iremos fazer alguma coisa com o barro.
“Que bom!” pensou o menininho. Ele gostava de trabalhar com o barro. Podia fazer com ele todos os tipos de coisas: elefantes, camundongos, carros e caminhões. Começou a juntar e amassar sua bola de barro.
- Esperem, não é hora de começar!
Ela esperou até que todos estivessem prontos.
- Agora nós iremos fazer um prato.
“Que bom!”, pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos.
- Esperem, vou mostrar como se faz. Assim... Agora vocês podem começar.
E o prato era fundo. Um lindo e perfeito prato fundo.
O menininho olhou para o prato da professora, olhou para o próprio prato e gostava mais do seu, mas ele não podia dizer isso... amassou seu barro numa grande bola novamente e fez um prato fundo, igual ao da professora.
E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e a olhar e a fazer as coisas exatamente como a professora. E muito cedo ele não fazia mais as coisas por si próprio.
Então, aconteceu que o menininho teve que mudar de escola... 

Esta escola era ainda maior que a primeira.
Ele tinha que subir grandes escadas até a sua sala...

Um dia a professora disse:
- Hoje nós vamos fazer um desenho.
“Que bom!”, pensou o menininho. E esperou que a professora dissesse o que fazer. Ela não disse. Apenas andava pela sala. Quando veio até o menininho falou:
- Você não quer desenhar?
- Sim. O que é que nós vamos fazer?
- Eu não sei, até que você o faça.
-Como eu posso fazer?
- Da maneira que você gostar.
- E de que cor?
- Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu posso saber qual o desenho de cada um?
- Eu não sei!
E começou a desenhar uma flor vermelha com um caule verde...

O texto é um retrato do que encontro em vários momentos da minha prática pedagógica. Sou professora de Artes e em muitos momentos peço aos meus alunos que façam desenhos. É impressionante a quantidade deles que ficam quase sem ação, apavorados pois não sabem o que fazer. Alegam não saberem desenhar, mostram-se quase sem rumo. E isso acontece com alunos de várias idades, os pequeninos, de 6 anos, os das séries finais, com 15, 16 anos e também com os da EJA, muitos deles adultos. 
Por outro lado há aqueles que adoram a proposta de desenho. Desenham com espontaneidade, com prazer, com dedicação. Chama atenção o fato de bem poucos alunos gostarem de pintar o desenho que fazem...

Estas atitudes antagônicas que encontro em todas as turmas que apresento essa proposta pode refletir as diferentes concepções pedagógicas de seus professores anteriores. Obviamente não é somente esse fator que determina a insegurança de uma criança ao se deparar com uma proposta de produzir um desenho. Há fatores sociais, familiares entre outros, que irão influenciar nas atitudes de uma criança, mas o que nos interessa por ora é o que acontece na escola.

Se não depende só de nós, professores, é certo que ainda assim temos um importante papel no processo de formação de nossos alunos. A escola é o lugar onde o aluno deve aprender a sentir-se seguro, confiante, feliz. E a arte tem um grande papel nisso. Ao incentivá-lo a produzir arte e acreditar que pode fazer algo "bonito", sua autoestima se elevará, tornando-o um sujeito mais confiante e seguro. 



domingo, 18 de março de 2018

Expectativas sobre a EJA...

Neste semestre teremos a interdisciplina Educação de Jovens e Adultos no Brasil. É com grande alegria que me remeto às expectativas que tenho quanto a esta interdisciplina, pois será um assunto diretamente ligado à minha prática docente.

Trabalho na EJA da E.M.E.F. Judith Macedo de Araújo como professora de Artes. Das 60 horas que atuo na Escola, as 20 horas que dedico à EJA são para mim as mais prazerosas. É uma dinâmica bem diferente do turno diurno. Uma outra prática se faz necessária.

Atualmente os alunos que frequentam a EJA não são mais somente adultos trabalhadores que não estudaram no tempo certo. Hoje a EJA é repleta de adolescentes que, por alguma razão, não conseguiram mais frequentar o ensino regular diurno. O resultado disto são salas de aulas repletas de adolescentes entre 15 e 18 anos, com poucos alunos mais velhos.

Este ano mesmo, quando as aulas iniciaram, me surpreendi com a quantidade de alunos das turmas de sexto e sétimo ano diurno da escola que agora passam a frequentar a EJA.

Mas não há como não comentar também sobre o perfil das séries iniciais. As turmas T1 e T2 ainda tem aquele antigo perfil da EJA, ou seja, adultos em fase de alfabetização. Embora eu não os atenda, pois atuo somente com as séries finais, percebo a importância da escola para aqueles alunos. O papel socializador que a escola exerce é algo extremamente importante. Muito embora este aspecto também seja importante para as séries finais. Apenas noto que para as séries iniciais ele se potencializa.

Isso me remete às minhas memórias de infância. Minha avó foi alfabetizada já adulta. Lembro dela ir para a escola. Obviamente eu, ainda criança, achava aquilo muito estranho, por isso perguntei à ela por que ia para a escola. Ela me respondeu "Ah... é pela folia que a gente faz". Hoje a entendo. Imagino o quanto a socialização que aquele espaço oferecia à ela era importante para sua vida.

Por tudo isto, estou ansiosa para começarmos a interdisciplina sobre a EJA. Acredito que vou aprender muito e também terei muito a contribuir.


domingo, 11 de março de 2018

Escolas democráticas e a pedagogia diretiva



Nossa primeira aula da interdisciplina Seminário Integrador VII, assistimos ao vídeo chamado Escolas Democráticas. Trata-se de uma animação produzida por Ellen Stein, parte do documentário "Democratic Schools" de Jan Gabbert (2006).


A animação mostra o cotidiano de uma escola, em que os alunos não têm direito a refletirem, experimentarem, opinarem, vivenciarem os aprendizados. O tempo cronometricamente dividido entre cada disciplina, mostram os alunos recebendo os conteúdos como se não fossem capazes de questionarem ou tirarem suas próprias conclusões. Sem perguntas, sem descobertas, sem envolvimento.
Fernando Becker (2012), apresenta, em seu livro  Educação e construção do conhecimento, três concepções pedagógicas: a diretiva, a não diretiva e a relacional. Me deterei sobre a pedagogia diretiva, por apresentar fundamentação para  as ideias reproduzidas na animação acima citada.

"O professor fala, o aluno escuta. O professor dita, e o aluno copia. O professor decide o que fazer e, em geral, decide o mesmo de sempre, e o aluno executa. O professor 'ensina', e o aluno 'aprende' (p. 14).

O vídeo apresenta inúmeras situações exatamente como a descrição de Becker para uma aula cuja pedagogia chamou de diretiva. Como exemplo, pode-se citar: 

A cena da borboleta, quando a professora, com uma borboleta desenhada no quadro explica sobre o animal, e quando a menina fica a olhar para uma borboleta real pela janela, é xingada pela professora, que fecha essa janela. Uma clássica cena da aula teórica, sem vivenciar ou observar o real. Se a professora estivesse falando sobre a tartaruga-das-galápagos-de-pinta, talvez pudesse somente trabalhar com figuras, mas uma borboleta... 

Ou a cena da aula de música... a professora tocando o piano e os alunos sentados nas cadeiras escutando ou talvez cantando. Sim, atividades muito importantes para a Educação Musical. Mas nenhuma criança tem uma aprendizagem musical significativa se não senti-la com o corpo. Se não mexer-se ao sabor do ritmo, se não sentir o som passar pelo seu corpo.

Há também a cena em que os alunos conversam e apresentam uma nova ideia para os professores e diretor da escola. A ideia é imediatamente descartada, sem considerarem a possibilidade de que poderia ser algo bom.

Essas práticas seguem a premissa de que, o objeto age sobre o sujeito, epistemologicamente  representada por Becker assim:

S ← O

O aluno é tratado como tabula rasa, sem considerar seus conhecimentos de mundo, adquiridos fora da escola.

Infelizmente, ainda há muitas concepções pedagógicas com o princípio diretivo. Fazer diferente (pedagogia relacional), é algo trabalhoso, é preciso muito planejamento, é preciso ter "cartas na manga", pois não há um rumo certo da aula. As curiosidades dos alunos que escreverão o curso que as aulas tomarão. Mas se quisermos alunos reflexivos, capazes de produzir mudanças no seu meio, é preciso mudar.

É mais trabalhoso, mas também, mais prazeroso!!!!

Referências

BECKER, Fernando. Educação e construção do conhecimento. 2 ed. Porto Alegre: Penso, 2012.

STEIN, Ellen. Escolas democráticas. Vídeo. 2008. 6'09''. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=Rumvh3QnL38>. Acesso em: 11 mar. 2018.





quinta-feira, 8 de março de 2018

Reiniciando os trabalhos...

                                                    Resultado de imagem para volta as aulas
 INÍCIO DO VII SEMESTRE!!!!!!!!!!!!

QUE TENHAMOS TODOS UM ÓTIMO SEMESTRE, REPLETO DE REFLEXÕES, APRENDIZAGENS E ENTUSIASMO!!!