sexta-feira, 28 de abril de 2017

Seminário Integrador V: Análises dos blogs

A proposta da interdisciplina Seminário Integrador V é que façamos uma análise do blog de alguma colega e do nosso próprio blog. Posteriormente deveremos elaborar uma síntese consolidada das análises, considerando nossa análise e a da colega. Essas análises deverão ser feitas a partir de Boff (2016) e Alarcão (1996).
A proposta tem como objetivo "aprofundar a reflexão sobre o próprio percurso de aprendizagem" (conforme orientações das professoras do S.I.).

Sem dúvida, uma metodologia interessante. Penso que conclusões muito ricas surgirão ao final desse semestre. Ainda não recebi da minha colega sua análise, portanto é cedo para qualquer conclusão. Porém, ao concluir a minha parte do trabalho, já é possível perceber sobre o amadurecimento que tive (e a colega também) no processo de aprendizagem no PEAD, refletido no blog.

Lembro que, no início do curso, havia muita resistência, muita dificuldade em postar, principalmente por ter a exigência de uma periodicidade semanal. Aos poucos fomos nos acostumando e percebemos que era (e ainda é) o lugar onde poderíamos sintetizar nossos aprendizados de cada semestre. E melhor ainda, onde podemos relacionar uma interdisciplina com a outra. E, a cada final de semestre, agradecemos ao blog por nos facilitar a execução da sínteses reflexivas a serem apresentadas nos workshops.

Essa atividade vai nos ajudar a aprofundar nossas reflexões melhorando a qualidade das postagens.
Estou curiosa para conhecer a análise da minha dupla, colega Leila Borges. Será que as nossas análises concordarão ou discordarão?

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Reflexões sobre o quinto semestre...

Hoje quero fazer algumas reflexões sobre as sensíveis mudanças no PEAD nesse quinto semestre que estamos cursando.
É um semestre que pode ser pensado como um "marco" no curso, afinal, passamos à segunda metade do curso. Mas me refiro a muito mais do que isso. Sinto uma substancial mudança no sentido de "exigências" em relação as tarefas. Até o quarto semestre, as tarefas puderam ser realizadas mais "superficialmente". Agora, me parece que as tarefas foram postas de maneira a exigir mais profundidade, mais reflexões de nossa parte.
A medida em que na maioria das tarefas são exigidas análises e sínteses, e sendo a maior parte delas em conjunto com outras colegas, nos obriga a ir a um outro nível de reflexões.  Está sendo possível fazer reflexões mais complexas, mais densas e com mais elementos. É como se o curso "tomasse mais corpo".
Obviamente essas mudanças fazem parte do processo do amadurecimento acadêmico, fato extremamente relevante para nosso futuro profissional e pessoal.

Uma tarefa que comprova nosso amadurecimento é a proposta da interdisciplina Seminário Integrador V, em que foi proposto a análise de nossos blogs e de uma colega. Essa análise nos permite ver os "progressos" que tivemos no decorrer do curso.

Chegar a essas conclusões está sendo muito gratificante, pois é sempre bom sentir que estamos atingindo nossos objetivos.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Pensamento formal na Educação de Jovens e Adultos (EJA)

Um dos textos sugeridos pelas professoras da Interdisciplina Psicologia da vida adulta é Evolução intelectual da adolescências à vida adulta,  de Jean Piaget (1972).
Nele, o autor se debruça sobre a análise da nova lógica que surge nos adolescentes entre 14-15 anos para entender o que pode acontecer entre a adolescência e a plena vida adulta.

A principal novidade desse período é a capacidade para raciocinar em termos de hipóteses expressas verbalmente e não mais, meramente, em termos de objetos concretos e sua manipulação. Esse é um ponto crítico decisivo, porque pensar hipoteticamente e deduzir as consequências que as hipóteses necessariamente implicam ( independente da verdade intrínseca ou falsidade das premissas) são processos do pensamento formal. Consequentemente a criança pode atribuir um valor decisivo à forma lógica das deduções, o que não ocorria nos estádios anteriores (PIAGET, 1972, p. 3).
A aquisição do pensamento formal pelo adolescente, implica numa série de diferenças em relação às fases anteriores, como o colocar-se no lugar do outro, capacidade de pensamento combinatório, conceitos como reversalidade, entre outros.

Após estas definições, o autor pondera algumas variáveis que podem ocorrer nessa fase. Uma delas seria a velocidade do desenvolvimento, ou seja, essa fase apareceria em todos os indivíduos normais porém em idades diferentes, em alguns casos, após a idade padrão citada acima (14-15 anos).
Outra seria o fator social que envolveria os adolescentes, pois os de classes privilegiadas teriam mais acesso a oportunidades que permitissem o desenvolvimento do pensamento formal em idade mais tenra.

Diante de tais argumentos Piaget formula uma primeira hipótese: "(...) em princípio, todos os indivíduos normais são capazes de chegar ao nível das estruturas formais na condição do que o meio social e a experiência adquirida proporcione ao sujeito alimento cognitivo e estimulação intelectual necessários para cada construção" (PIAGET, 1972, p. 6).

 Numa segunda hipótese, o autor pondera as diferenças nos pensamentos das pessoas a medida em que tornam-se adultos, e pondera que "(...) somente indivíduos talentosos do ponto de vista da lógica, matemática e física conseguiriam construir tais estruturas formais, enquanto indivíduos talentosos do ponto de vista da literatura, artes e prática seriam incapazes de fazê-lo" (PIAGET, 1972, p. 6).

É porém a terceira hipótese levantada por Piaget que nos leva a uma reflexão interessante:

Porém, há possibilidade de uma terceira hipótese e, no presente estado de conhecimento, esta última interpretação parece ser a mais provável. Permite-nos, ela, reconciliar o conceito de estádios com a ideia de aptidões progressivamente diferenciadas. Em síntese, nossa terceira hipótese afirmaria que todos os sujeitos normais atingem o estádio das operações formais ou estruturação se não entre 11-12 a 14-15 anos, pelo menos entre 15-20 anos. Porém, eles atingem este estádio em diferentes áreas de acordo com suas aptidões e suas especializações profissionais (estudos avançados ou diferentes tipos de aprendizagem para as várias profissões). A maneira pela qual essas estruturas formais são usadas, porém, não é necessariamente a mesma em todos os casos (PIAGET, 1972, p. 7).
Essa é uma hipótese que explicaria até mesmo o tão cobiçado talento. Principalmente na área das artes esse conceito é relacionado como dom, como algo para poucos, numa visão romântica da arte. Mas, se o pensamento formal se desenvolve em todos os indivíduos, porém diferentemente em cada um, natural que cada pessoa o aplicará na sua área de maior interesse.

Mas transpondo para minha realidade atual, como professora da Educação de Jovens e Adultos (EJA), essa hipótese explica porque um aluno pedreiro, por exemplo, realiza cálculos mentais com extrema facilidade e, quando solicitado a realizar o cálculo escrito, se perde e não entende como fazê-lo.

Considero esse texto de suma importância para entender o funcionamento do aprendizado dos alunos da EJA. Vale a pena estudá-lo com mais afinco e realizar análises a partir de situações que ocorrem na minha escola.

Referências

PIAGET, Jean. Evolução intelectual da adolescências à vida adulta. 1972, Tradução Tania Marques e Fernando Becker. Disponível em:
file:///C:/Users/Kênia/Desktop/textos%20psicologia/Desenvolvimento%20intelectual%20da%20adolescência%20à%20vida%20adulta.pdf. Acesso em: 14 abr. 2017.

sábado, 8 de abril de 2017

Projetos de Aprendizagem e aprendizagem amorosa

Esta semana realizei minha primeira experiência do semestre em relação aos PAs. Pedi a uma turma do 6º ano que escrevessem as perguntas que gostariam de fazer. Deixei-os totalmente livres, sem delimitar tema ou assunto, nem quantidade nem a forma de trabalhar, pois poderiam agrupar-se a outros colegas ou realiza-las individualmente.

Antes de colocar minhas sensações, é preciso que explique minha relação com a turma. Não sou professora efetiva deles, sou o que na Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre, dentro da proposta de Ciclos, chama de Volante. Originalmente, o professor volante deveria entrar em sala de aula em períodos compartilhados com outros professores ou retirar da sala pequenos grupos que necessitam de mais atenção. Na prática, hoje o volante acaba, muitas vezes, substituindo algum professor que faltou.

Sendo assim, dou aulas para eles eventualmente. Mas mesmo assim, resolvi arriscar e propor a eles que fizessem as perguntas, mesmo correndo o risco de não conseguir tocar o projeto adiante.

Ao ler suas perguntas, me dei conta de quanto elas refletem o momento da vida desses alunos. E isso me emocionou. Fato que me remeteu a leitura do texto Aprendizagem amorosa: transformações na convivência de aceitação do outro como legítimo outro de Real e Picetti (s/d). As autoras expões, nesse texto, o quanto o vínculo afetivo entre professores e alunos é necessário para que ocorra aprendizagem além do ensino.

Na maioria das vezes estamos tão preocupados em apresentar os conteúdos a nossos alunos que esquecemos de "conhecê-los". E as perguntas que fizeram me fez pensar o quanto existe além dp que acontece na escola. E como é bom perceber que há formas de trazer essas angustias, preocupações, curiosidades dos alunos e transforma-las em aprendizagem. Para eles e para mim.

Algumas perguntas:

Por que o mundo é tão grande?
Por que eu nasci?
Quantas pessoas há no mundo?
Por que os números são infinitos?
Por que existem animais?
Por que existem outros planetas além da Terra?
Será que existe vida em outros planetas?
Será que os carros vão ser voadores daqui a 100 anos?
Por que alguns colegas são chatos?
Por que a minha mãe se casou?
Por que os homens são machistas?
Por que os homens são preguiçosos?
Por que existem músicas de vários tipos?
Por que o leão é o rei da natureza?
Por que o Jared e o Jensen são lindos?
Por que as pessoas são racistas?
Nós gostaríamos de saber como é o oceano pacífico?
Minha curiosidade é saber como é andar de avião.
Minha curiosidade é saber porque os meninos não tem útero.
Minha curiosidade é saber porque existe dor.
Minha curiosidade  é saber porque ninguém é eterno.
Por que homem não pode ter filho?
Por que o colégio solta ceda nas quintas?
O que a professora Judith fazia no colégio?
Por que falta classe e cadeira no colégio?
O que são as estrelas?
Por que nesse mundo existem pessoas más?
Por que as pessoas brigam?
Por que existem pessoas ciumentas?
Por que existem crianças e adultos mimados?
Será que daqui a uns anos a escola vai ser mais ajeitada?
Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?
Quantos anos demora para fazer uma escola?
Por que as pessoas jogam lixo nos rios?
Nós gostaríamos de saber como é a Disney.
Nós gostaríamos de saber como era antes de ter a escola?


Referências

REAL, Luciane Magalhães Corte; PICETTI, Jaqueline. Aprendizagem amorosa: transformações na convivência de aceitação do outro como legítimo outro. Educação e Cidadania. Porto Alegre: UNIRITER, 2011. Disponível em: http://seer.uniritter.edu.br/index.php/educacaoecidadania/article/view/528/312. Acesso em 08 abr. 2017.

domingo, 2 de abril de 2017

Primeiras reflexões sobre os projetos de aprendizagem

A escola do Luto

(...) A escola da pesquisa é uma escola do Luto.
Todo neófito que começa a pesquisar é obrigado a renunciar integralmente o saber. Ele é convencido de que a época de homens como Pico Della Mirandola terminou há três séculos e que agora é impossível constituir uma visão do homem e do mundo.
Demonstrando-lhe que o aumento informacional das informações e a heterogeneização do saber ultrapassam qualquer possibilidade de engramação e de tratamento pelo cérebro humano. Asseguram-lhe que ele não deve lamentar, mas ficar feliz por isso. Ele deverá, portanto, consagrar toda a sua inteligência a ampliar um saber específico. Integram-no a uma equipe de especialistas, e, nesta expressão, "especialista", e não "equipe", é o termo predominante.

                                   Trecho do livro "O método" de Edgar Morin (p.25).

O trecho acima serve como uma provocação ao compartilhamento de saberes com que estamos acostumados na vida escolar e acadêmica. As reflexões suscitadas pelas colocações de Morin vem ao encontro do que propõem os Projetos de Aprendizagem.  Vidiella (2008) nos fala sobre métodos globalizados ao tratar da forma de organizar os conteúdos. Os Projetos de Aprendizagens passam por esses métodos globalizados. São formas de trabalhar com nossos alunos que tentam superar esse compartimento de conteúdos ditos por Morin. Partindo do interesse do aluno, o professor media a aprendizagem, auxiliando o aluno para que perceba as diversas formas de encontrar as respostas para suas perguntas. Essa proposta de trabalho engloba diversas áreas do conhecimento, fazendo com que o aluno perceba que esses conhecimentos estão interligados. Cria-se no aluno o que Morin chama de "pensamento complexo".

Essas colocações são apenas as reflexões iniciais que tive a partir de nossa primeira aula da interdisciplina Projeto Pedagógico em ação. Tenho certeza que será um longa e próspera caminhada e muitas reflexões ainda virão.

Referências

MORIN, Edgar. Método 1: a natureza da natureza. Porto Alegre: Sulina, 2016.
VIDIELLA, Antoni Zabala. La práctica educativa: cómo ensenar. México: Graó/Colofón, 2008.