Esta semana quero disponibilizar para vocês um artigo que escrevi em 2015 quando fiz uma Pós-Graduação em Educação Especial. Tem muito a ver com nossos estudos nesse semestre...(ao copiar e colar o texto, algumas partes ficaram ilegíveis, então tive que pintar para aparecer, apenas probleminhas técnicos, não são destaques do texto).
EDUCAÇÃO MUSICAL
PARA SURDOS:
ALGUMAS
CONSIDERAÇÕES E POSSIBILIDADES
Resumo
Este
artigo está dividido em três seções. A primeira apresenta um breve histórico da
Educação de Surdos e da Educação Musical no Brasil, duas áreas ainda em
expansão no país, com histórico de lutas pela conquista de espaços na educação
regular e especial. Na segunda, são feitas algumas considerações a respeito dos
cuidados a serem tomados no planejamento das aulas de música para alunos Surdos,
uma vez que esses alunos possuem especificidades que requerem adaptações nas
atividades musicais. Para finalizar, são apresentadas quatro sugestões de
atividades musicais adaptadas para serem desenvolvidas com alunos Surdos. A
primeira tem como objetivo observar como é feita a distinção dos timbres pelos
surdos; a segunda tem como objetivo trabalhar o ritmo com os alunos Surdos; a
seguinte, chamada de Jogo dos palitos, procura
trabalhar a discriminação visual, a pulsação, a sequenciação, a atenção, a lateralidade
(discriminação da leitura – esquerda para a direita) e a abstração; e para
finalizar, uma atividade com copos, que visa estimular a lateralidade, o equilíbrio
dinâmico dos copos, a noção espacial e temporal, a pulsação, a atenção, o
ritmo, o andamento, a memória, a sequenciação, a parceria, entre outros. Não se
pretende, com esse artigo, esgotar o
assunto, mas colaborar para a divulgação dessa importante prática para a
Educação dos Surdos, uma vez que são escassos os estudos a esse respeito.
Palavras-chave: Educação Musical.
Surdez. Inclusão.
1 INTRODUÇÃO
Em nossa
trajetória como Educadora Musical sempre trabalhamos para uma maior
sensibilização no que diz respeito a audição. Em nossa sociedade a visão é o
sentido que predomina, e a audição acaba sendo negligenciada. “A tendência da
sociedade em privilegiar um sentindo, no caso a visão, como elemento
organizador do mundo fez BACHELARD chamar isto de ‘ocularização’ da sociedade e VIRILIO chama de ‘primazia da imagem’”(GONÇALVES, 2008, p. 55).
Porém, ao cursar
a Pós-Graduação em Educação Especial Inclusiva da Uniaselvi, especialmente no
Módulo 10 que trata da Deficiência Auditiva e Libras, nos deparamos com um
universo inverso do que costumávamos trabalhar. Pessoas que se apoiam
fortemente no visual por não poderem ouvir sequer os sons que os rodeiam. E
isso nos interessou. Partimos de perguntas como: É possível a Educação Musical para surdos? Que atividades poderiam ser
desenvolvidas? Quais benefícios essas atividades poderiam trazer para os
Surdos? A partir destes questionamentos fomos à procura de Educadores
Musicais que tivessem passado por experiências com Surdos. Como não temos contato
com alunos Surdos, nossa pesquisa foi a partir de artigos, dissertações e teses
produzidas sobre o assunto, procurando reunir algumas sugestões de atividades
musicais a serem desenvolvidas com Surdos.
É relevante que
se situe, no primeiro momento, a Educação de Surdos, suas diferentes fases e
seus aspectos legais, bem como a situação da própria Educação Musical, uma vez
que também é uma área que esteve por cerca de trinta anos afastada do ensino
formal e agora volta como direito de todos. Privilegiaremos, por motivos de
espaço, o panorama brasileiro.
Educação
de Surdos no Brasil
Em 1855 foi
fundado, no Rio de Janeiro, o Imperial Instituto de Surdos-Mudos por iniciativa
de Eduard Huet e o Imperador Dom Pedro II. Essa iniciativa trouxe a primeira
experiência brasileira quanto a educação de Surdos, sendo ensinadas diversas
disciplinas mesclando a língua de sinais francesa com a língua de sinais
brasileira da comunidade Surda do Brasil. Em 1913 foi criada a Associação
Brasileira de Surdos, com o objetivo de promover a conscientização da sociedade
pelo direito do ensino de língua de sinais aos Surdos. Porém essa Associação se
desfez com a proibição do ensino da linguagem de sinais pelo Congresso de
Milão. No entanto cerca de 180 Associações de Surdos foram criadas nos anos seguintes
mantendo viva sua língua (CAMPELLO, 2009).
O ensino dos
Surdos no Brasil passou por três fases distintas:
Introdução ao
Oralismo: foi instituída a obrigatoriedade da aprendizagem da linguagem
articulada e da leitura dos lábios, utilizando o oralismo puro como metodologia
educacional. Mesmo assim o uso de língua de sinais permaneceu, apesar da
proibição do Congresso de Milão (CAMPELLO, 2009, p. 19).
Introdução de
Comunicação Total: trazida ao Brasil por professoras que visitaram o Instituto
Nacional de Educação de Surdos da Gallaudet University – EUA, nos anos 1970,
tinha como objetivo “oferecer às crianças Surdas as oportunidades de ter acesso
à língua e de adquirir conhecimento por meio da aquisição da linguagem” (CAMPELLO,
2009, p. 20).
Introdução ao
Bilinguismo: a partir da pesquisa de língua de sinais americana, como status linguístico, por Stokoe (1960) e
de Lucinda Ferreira Dutra (1995) sobre a Língua de Sinais Brasileira,
iniciou-se discussões sobre a validade da introdução do bilinguismo no Brasil e
de sua contribuição para a educação dos Surdos (CAMPELLO, 2009, p. 20).
Desde 2002, com
a promulgação da Lei 10.436, os cursos de formação de Educação Especial, de
Fonoaudiologia e de magistério passam a incluir em seus currículos o ensino das
LIBRAS. Segundo Campello (2009, p. 21),
O
Surdo passou a ter, assim, garantia dos seus direitos à educação, assegurando
uma formação que lhe dê condições de autonomia, em várias áreas do contexto
brasileiro: no mercado de trabalho, previdência social, lazer, esportes,
educação, entre outros. A educação promoveu a inclusão social em todos os seus
aspectos (CAMPELLO, 2009, p. 21).
Desta forma
temos a garantia da inclusão dos Surdos na sociedade e garantia de que terá uma
educação que lhe proporcione desenvolver suas potencialidades, como qualquer
outro cidadão brasileiro. Veremos agora um breve histórico da Educação Musical
no Brasil para depois fazermos algumas reflexões sobre as relações entre ambas.
Educação
Musical no Brasil
No
Brasil, o ensino da música nas escolas foi instituído ainda no Regime Imperial,
em 1854, através do Decreto nº 1.331. Porém, foi somente a partir dos anos
1930, quando o projeto Orfeônico instituído por Villa-Lobos alcança
legitimidade nacional, que se inicia uma etapa de maior destaque para o ensino
da música (HENTSCHKE e OLIVEIRA, 2000, p. 47). No entanto, no decorrer dos anos
seguintes, uma série de medidas governamentais trataram o ensino da Arte como
um todo, de forma confusa e instável. De acordo com Penna (2012. P.122)
A legislação educacional estabelece, há quase quarenta anos, um espaço
para a arte, em suas diversas linguagens, nas escolas regulares de educação
básica. No entanto, esta presença da arte no currículo escolar tem sido marcada
por indefinições, ambiguidade e multiplicidade.
Essa
afirmação precede a análise que a autora faz das duas LDBs que são
particularmente deliberativas para a definição do espaço dedicado ao ensino da
música nas escolas regulares: a Lei 5692/71 e a atual LDB, Lei 9694/96. A
primeira estabelece a obrigatoriedade da “Educação Artística” nos currículos de
1º e 2º graus. Entretanto, no primeiro momento não ficam definidas com clareza
quais linguagens artísticas estão contempladas nessa disciplina.
Surgem
então os cursos de Licenciaturas Curtas que procuravam habilitar os professores
em uma abordagem integral das diversas linguagens artísticas e as Licenciaturas
Plenas que procuravam habilitar os professores em quatro linguagens da arte:
Artes Plásticas, Artes Cênicas, Música e Desenho. Podemos concluir, junto com
Penna, que a polivalência exigida do professor que marca a implantação da
Educação Artística contribuiu para “a diluição dos conteúdos específicos de
cada linguagem, na medida em que prevê um trabalho com as diversas linguagens
artísticas, a cargo de um único professor” (PENNA, 2010, p. 125). A dificuldade
de formação dos professores nas quatro linguagens acarretou na perda de espaço
da música nas escolas (bem como das Artes Cênicas) e a Educação Artística
passou a ser vista especificamente como Artes Visuais.
Com a
atual LDB, a Lei 9694/96, foi instituída em substituição a Educação Artística,
o “Ensino da Arte”. Desta forma fica estabelecido o ensino das Artes Visuais,
da Dança, da Música e do Teatro nas escolas regulares. Embora tenham sido
elaborados os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 2008) especificando os
conteúdos a serem trabalhados em cada uma dessas linguagens e tenha ficado
estabelecido que cada uma delas seriam
desenvolvidas por professores especialistas (Brasil, 2006), não há consenso de como
seria a distribuição desses profissionais nas escolas, ficando a cargo das
Secretarias de Educação e escolas a decisão de qual área da Arte seria
trabalhado na escola. A área da Música, através de instituições como ABEM –
Associação Brasileira de Educação Musical, ANPPOM – Associação Nacional de
Pesquisa e Pós- Graduação em Música, bem como professores de música de escolas
públicas e particulares, iniciaram um movimento para institucionalização da
obrigatoriedade do ensino da música nas escolas.
Dessa
campanha denominada “Quero Educação Musical nas Escolas” resultou a aprovação
da Lei 11.769/2008 tornando obrigatória a presença de pelo menos um professor
de música em todas as escolas brasileiras. Finalmente, em 04/12/2013 foram
aprovadas as Diretrizes Nacionais, para a operacionalização do ensino da Música
na Educação Básica, que obriga todos os alunos das escolas de educação básica
brasileira a terem acesso à educação musical.
A partir desses
dois breves históricos, da educação de Surdos e da Educação Musical no Brasil,
vemos que está assegurada a educação de Surdos no sistema educacional
brasileiro em qualquer nível bem como é assegurado o direito a Educação Musical
para todos os alunos brasileiros do Ensino Fundamental e Médio. Desta forma,
temos assegurado o direito de alunos surdos terem aulas de música. Mas... como
fazer? É possível?
2 MÚSICA PARA SURDOS: COMO FAZER?
Música é som? também...e som é vibração. Música
é movimento?...também...e movimento é vida, é intenção, é expressão. Logo, o
surdo não pode “ouvir” o que está acontecendo, mas pode sentir através da
vibração e compreender através do movimento as intenções musicais (Viviane
Louro, Rededuc, s/d).
É muito comum as dúvidas
e às vezes até espanto das pessoas quando se fala em Música para Surdos. As
controvérsias são muitas e as dúvidas também. Devemos deixar claro que a
percepção da música, ou mesmo dos sons, não são concebidos da mesma forma para
os alunos Surdos e os ouvintes. Sá (2008) faz algumas considerações importantes
que precisam ser consideradas antes de pensarmos como deve ser a Educação
Musical dos Surdos. De acordo com essa autora
É
muito importante que sejam questionados os objetivos pedagógicos a serem
perseguidos com as atividades musicais para surdos: o que se pretende é
oferecer aos surdos o direito de conhecer este elemento cultural humano tão
importante, ou, o que se pretende é obrigar os surdos a participarem de algo
que não faz sentido para eles? Estamos tratando de uma oferta ou de uma obrigatoriedade?
De uma troca ou de um pacote depositado? (SÁ, 2008, p. 2).
Sá se refere a validade de atividades
como, por exemplo, um coral de Surdos em que eles meramente copiam o ouvinte-modelo
que se põe a fazer sinais, acompanhando a música que os ouvintes estão
apreciando. O que acontece muitas vezes é que os ouvintes pensam que os Surdos
devem apreciar a música da mesma forma que eles.
Pelas diferenças entre Surdos e não
Surdos, a Educação musical deve ter propósitos distintos. As atividades
precisam ser adaptadas de acordo com as necessidades de cada grupo. Viviane
Louro (Rededuc, s/d), Educadora Musical que se dedica ao estudo do ensino da
música para pessoas com deficiência física, mental, visual, auditiva e
múltiplas nos dá algumas dicas de como organiza seu trabalho com Surdos:
Musicalmente
falando, o primeiro grande desafio é fazer o surdo se concentrar e compreender
a importância de se manter uma pulsação. Então, sempre começo com exercícios de
concentração e pulsação. Num segundo momento introduzo a leitura rítmica
musical, pois o fato de aprender a ler as figuras colabora em muito com a
organização neurológica dos alunos e facilita a compreensão musical. Paralelo a
esse trabalho, faço vários exercícios psicomotores e alguns para ampliar a
sensibilidade tátil e “percepção” do som através das vibrações (LOURO, s/d, p. 1)
São uma série de aspectos a serem
trabalhados, a pulsação, a leitura rítmica, a percepção das vibrações, sendo
cada um deles de extrema importância para a compreensão musical. Cecília
Cavalieri França nos contempla com uma obra de literatura infantil chamada O silencioso mundo de Flor. O livro
conta a história de Flor, uma menina surda que é levada por seu amigo ao
barracão de uma Escola de Samba. Lá ela tem oportunidade de sentir a vibração
de cada instrumento, associando com sua intensidade, altura e timbre,
características sonoras básicas para entendermos as músicas. Em minha opinião, excelente
referência para um bom trabalho de Educação Musical com alunos Surdos.
Viviane
Louro aponta ainda outros aspectos importantes a serem considerados na hora da
aula de música para Surdos. Uma delas é a necessidade de apurar o quanto os
alunos possuem ou não de resíduo auditivo e como utilizar os instrumentos
musicais para maximizar a aprendizagem do aluno.
Há aqueles que percebem melhor os instrumentos graves,
outros preferem os agudos, pois os graves “machucam” o ouvido. Muitos alunos
apesar de serem surdos possuem hipersensibilidade auditiva e isso quer dizer
que são hiper sensíveis a determinados sons. O professor precisa estar atento a
isso, pois expor um aluno desses a muito som pode fazer com que ele perca o
pouco que possui de resíduo auditivo (LOURO, s/d, p. 1).
Outra
questão apontada pela autora é quanto ao aparelho auditivo.
Muitos acreditam que se o aluno usar aparelho está tudo
resolvido. Muito pelo contrário, em minhas aulas de música geralmente os alunos
que utilizam aparelho os tiram na hora da aula, pois a função do aparelho
é ampliar a “sensação” auditiva do som ao redor e não fazer a pessoa ouvir.
Sendo assim, na aula de música o aparelho às vezes atrapalha, pois confunde a
pessoa se houver, por exemplo, vários instrumentos sendo tocados ao mesmo tempo
(LOURO, s/d, p.1).
Levando em consideração essas
importantes colocações feitas por Viviane Louro, seguimos agora com algumas
sugestões de atividades musicais adaptadas para alunos Surdos.
3 SUGESTÕES DE ATIVIDADES
Atividade 1:
Um exemplo de
atividade tem como conteúdo o timbre, com a intenção de observar como é feita
esta distinção pelos surdos. Para nós ouvintes, timbre significa a qualidade ou
o ‘colorido’ de um som. “As variações de
timbre são percebidas, por exemplo, como agrupamentos de sons tocados por um
mesmo instrumento musical, ou falados por uma mesma pessoa, mesmo que estes
sons possam ser bem distintos entre si, de acordo com sua altura, intensidade
ou duração” (LOUREIRO; PAULA, 2006, p.58).
A atividade
consiste em sentar os alunos em volta de uma mesa e colocar vários objetos na
mesa como garrafa de vidro, pote plástico e de metal, caixa de madeira, etc.
Deve-se tocar com uma baqueta cada um dos objetos enquanto os alunos ficam com
as mãos em cima da mesa para sentir as vibrações. É preciso certificar-se que
todos os alunos saibam identificar os objetos, seja por libras ou convenção de
algum outro tipo de sinal para cada objeto. Depois desta fase de conhecimento da
produção sonora de cada objeto e da vibração, o passo seguinte é vendar os
olhos dos alunos e tocar cada objeto com a baqueta para que eles os
identifiquem. Esta atividade poderá ser ampliada posteriormente utilizando-se instrumentos
musicais (SILVA, 2008, p. 5).
Atividade 2:
Essa atividade
tem como objetivo trabalhar o ritmo com os alunos Surdos.
Essa duração de
tempo no padrão do ocidente tem suas batidas específicas sendo conhecido como
ritmo divisivo. Um dos métodos utilizados para a formação musical de Surdos é a
realização de exercícios de percussão corporal. O instrumento é o próprio
corpo, criando arte musical através de palmas, estalos, pisadas, batidas no
peito e na boca alcançando resultados musicais variados e interessantes,
proporcionando mais igualdade de oportunidade no acesso a educação musical
entre os alunos ouvintes e Surdos. É importante que, sempre, antes das
atividades musicais propriamente ditas, se prepare o corpo para tal, destacando
alguns momentos para alongamento (relaxamento) e exercício de respiração e
concentração.
Guiados pela luz
do metrônomo ou pela rotação de segundos do ponteiro do relógio, cada componente
emite um som (sequências de palmas, estalos batidas no peito, etc.) que,
combinados com outro som executado pelo seguinte componente, finaliza em uma
ordenação de sons agradáveis. É importante acreditarmos na sua capacidade
musical até porque essas atividades de ritmo como ponto de partida do processo
educacional musical, já despertam neles reações de contentamento e prazer,
sentimentos esses, natos de quem percebe e sente o poder da música.
É desafiador e
totalmente possível para os Surdos, levando em conta suas características
biológicas, manterem a pulsação em movimentos que emitem sons. Devem-se
trabalhar também algumas noções de leitura rítmica musical, pois a leitura e
compreensão das figuras concorrem
para maior desenvoltura na execução da musicalidade (PEREIRA, 2012, p. 3).
Atividade 3:
Essa
atividade é chamada de Jogos dos palitos.
Consiste
em acompanhar a pulsação e discriminar em qual delas foi tocado o instrumento
musical. Tem o objetivo de trabalhar discriminação visual, pulsação,
sequenciação, atenção, lateralidade (discriminação da leitura – esquerda para a
direita); abstração. O jogo é composto pelos seguintes materiais: quatro
palitos de sorvete para cada grupo com quatro alunos, quatro círculos de EVAS
(etil vinil acetato, emborrachado) para cada grupo e um instrumento musical. No
princípio do jogo deve-se distribuir quatro palitos de picolé para cada grupo e
pedir que coloquem um ao lado do outro, em posição vertical. Depois disso,
distribui-se pequenos círculos feitos com material emborrachado. Depois devemos
mostrar a todos o instrumento que se utilizará na atividade, podendo ser um
tamborim, ou uma flauta ou um agogô entre outros.
Explica-se aos
alunos que cada som percutido corresponderá a cada palito de picolé, no caso,
quatro e que será simulado o toque do instrumento, porém só será tocado em um
dos movimentos. Os alunos devem marcar com o círculo emborrachado o palito
correspondente ao som percutido. Este jogo é muito importante para trabalhar a
atenção (pulso e instrumento) nos palitos, direcionamento (esquerda-direita),
associação do toque da pulsação com o palito, entre outros. (SILVA, 2008, p. 5).
Atividade
4:
Esta
atividade foi baseada no livro Lenga la Lenga: jogos de mãos e copos de
Viviane Beineke e Sérgio Freitas (2006). Este livro é um material didático que
contém canções tradicionais brasileiras arranjadas para jogos de mãos e copos,
explorando ritmos e brincadeiras tradicionais da infância. Este material contém
um CD-ROM Interativo e um DVD com as canções. O material necessário para esta
atividade foi copos de plástico com papel contact colorido. A atividade
visa estimular a lateralidade, equilíbrio dinâmico dos copos, noção espacial e
temporal, pulsação, atenção, ritmo, andamento, memória, sequenciação, parceria,
entre outros.
A
atividade consiste em executar ritmos com copos em cima da mesa e mãos. A
sequência da atividade é a seguinte: bater palma, pegar o copo pelo fundo,
segurando e levantando e bater a boca do copo no chão. A sequência é baseada na
proposta de Beineke para a música Rabo do Tatu. É uma música binária. No
primeiro compasso, os alunos batem palma e pegam o copo. No segundo, batem a
boca do copo e esperam um tempo em pausa. Todos, sentados em volta da mesa,
fazem essa sequência, repetindo-a até ser indicado o momento de parar (SILVA,
2011, p. 27).
4 CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Na primeira parte do artigo foram feitas
algumas colocações a respeito do histórico da Educação para Surdos e da Educação
Musical no Brasil, ambas as áreas em desenvolvimento e buscando espaço nas
escolas regulares e específicas. Em seguida foram feitos alguns comentários a
respeito da dificuldade da compreensão de como devem ser as aulas de música
para Surdos e os cuidados que o professor de música deve ter, considerando a
especificidade dos alunos. Para finalizar são apresentadas algumas sugestões de
atividade para que os alunos Surdos tenha a oportunidade de entender as músicas
de sua cultura e de outras também.
Além dessas atividades apresentadas
nesse artigo, há uma infinidade de outras que podem ser trabalhadas com alunos
Surdos. Cada uma delas ajuda no desenvolvimento motor, psíquico, emocional
entre outras desses alunos. Embora ainda pouco explorada, tanto pela Educação
Musical quanto pela Educação de Surdos, são atividades que trazem benefícios
importantes. Para que essa área se expanda, são necessárias medidas
constitucionais, como por exemplo, a inclusão da disciplina de Educação
Especial nos cursos de Licenciatura em Música, criando a possibilidade, e
facilitando, o trabalho desses profissionais de trabalharem não só com alunos
Surdos, mas com outras deficiências também, uma vez que a música pode ser
benéfica para o desenvolvimento de qualquer indivíduo com deficiência ou não.
O objetivo deste artigo, obviamente, não
é esgotar o assunto, mas colaborar para a divulgação dessa importante prática
para a Educação dos Surdos, uma vez que são escassos os estudos a esse
respeito. É importante que cada vez mais esses alunos passem pela experiência
de terem aulas de música para que possam descobrir um mundo que certamente se
abre ao terem contato com os sons.
REFERÊNCIAS
BEINEKE,
Viviane; FREITAS, Sérgio Paulo Ribeiro de. Lenga la Lenga: jogos de mãos e copos.
1ªed. São Paulo: Ciranda Cultural, 2006.
BRASIL.
Lei nº. 11.769, de 18 de agosto de 2008. Altera a Lei nº. 9394, de 20 de
dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a
obrigatoriedade do ensino da música na educação básica. Diário Oficial [República Federativa do Brasil]. Brasília, DF, em
19 de ago. de 2008.
_______.
Lei nº. 9394 de 20 de dez. de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Diário Oficial
[República Federativa do Brasil]. Brasília, DF, em 28 de dez. de 1996.
________.
Lei nº 5692 de 11 de ago. de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1º
e 2º graus, e dá outras providências.
_______.
Lei nº 10.436, de 24 de abr. de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de
Sinais – Libras e dá outras providências.
CAMPELLO,
Ana Regina e Souza. Deficiência Auditiva
e Libras. Indaial: Grupo UNIASELVI, 2009.
GONÇALVES, C. J. S. Corporeidade - Uma complexa trama
transdisciplinar. Arte e Educação em Revista, v. 1, p. 23, 2008.
HENTSCHKE, Liane.; OLIVEIRA, Alda. A Educação
Musical no Brasil. In: HENTSCHKE, L. (org). Educação
musical em países de línguas neolatinas. Porto Alegre: Ed. da
Universidade/UFRGS, p. 47-64, 2000.
LOUREIRO,
Maurício A.; PAULA, Hugo B. de. Timbre de um instrumento musical. Per
Musi, Belo Horizonte, n.14, 2006, p.57-81.
LOURO,
Viviane. Educação musical para surdos:
é possível? Rededuc.com, s/d. Disponível em: <http://www.rededuc.com/artigos_100.html>.
Acesso em: 20 jul. 2015.
PENNA, Maura. Música(s) e seu ensino. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2010.
PEREIRA,
Jane Paulino. Atividade musical com surdos:
Percussão Corporal. In: CONGRESSO NORTE NORDESTE DE PESQUISA E INOVAÇÃO, 7,
2012, Palmas, Anais. Palmas, 2012.VII
CONNEPI – Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação. Palmas –
Tocantins, out. 2012.
SÁ,
Nídia Regina Limeira de. Os Surdos, a música e a educação, Manaus,
n. 5, v. 2, 2008.
Disponível
em <http://dialogica.ufam.edu.br/dialogicaV2-N5.html>. Acesso em: 21.
jul. 2015.
SILVA,
Cristina Soares da. Atividades musicais para surdos: como isso é possível. In: XVII
Encontro Nacional da ABEM, 17, 2008, São Paulo. Anais. São Paulo, 2008.
SILVA,
Cristina Soares da. Educação musical para
surdos: uma experiência na escola municipal Rosa do Povo. Rio de Janeiro,
2011. Meloteca. Disponível em:
<http://meloteca.com/pdf/musicoterapia/educacao-musical-para-surdos.pdf>.
Acesso em: 21 jul. 2015.