quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Adote um escritor - E.M.E.F. Judith Macedo de Araújo

No projeto Adote um Escritor, promovido pela Secretaria de Educação de Porto Alegre), realizado na E.M.E.F. Judith Macedo de Araújo recebemos a visita do autor Cássio Pantaleoni. Entre os vários títulos de sua coleção, há apenas um deles que se enquadra na literatura infantil. Trata-se do livro “A corda que acorda”. Conta a história de uma menina que encontra um piano e começa a tocá-lo. A magia da música faz com que todos os objetos presentes na sala onde se encontra o piano passem a ter vida e comecem a dançar. Sejam eles bonecos, como palhaço, bailarina, peixe, girafa, como objetos, tais como xícaras, vasos, guarda-chuva. Em forma de poema, o autor vai desenvolvendo a história como um momento mágico instituído pela música e pela imaginação da menina que está a tocar o piano. No final da história a menina abandona o piano e tudo volta a ser silencioso e estático como antes. Escolhi esse livro para trabalhar, mesmo sendo meus alunos da faixa etária entre 15 e 50 anos. Primeiro, pela Escola possuir um piano, devido ao projeto Piano Livre, e também, obviamente, por me dar oportunidade de falar sobre o piano, sua história, seu mecanismo, seus sons. Mas o objetivo final foi poder refletir com meus alunos a magia da música, ou da Arte como um todo, bem como a magia da infância, ou a pureza da criança, única capaz de fazer com que os objetos tornem-se dançantes. Conceito construído a partir do pressuposto de que a criança é um ser inocente, livre de preocupações, vivendo a melhor fase de sua vida. Mas, serão todas as infâncias assim? Essa constatação dos alunos me remeteu ao texto “Retratos de uma infância contemporânea: os bebês nos artefatos visuais”, de Borges e Cunha (2015), trabalhados na interdisciplina Infâncias. Nesse texto as autoras falam da “infância soft”, uma infância retratada (nos rótulos dos produtos infantis) com bebês sempre fofinhos, saudáveis, longe de qualquer preocupação, bem alimentados, amados. Sim, são esses bebês que vendem os produtos, mas é preciso pensar em outras infâncias, naquelas infâncias que não são tão bem cuidadas, que não tem a alimentação necessária, que conhecem a violência, o medo. Elas estão excluídas do espaço infância vendido pela mídia, mas é preciso pensar nelas e como protegê-las também. E é preciso questionar: elas têm essa “pureza” retratada nesses bebês? O que é possível fazer para fazer dessas infâncias uma espaço de sonhos, de brincadeiras, de inocência, tão pretendido pela nossa cultura?

Enfim... o livro é ótimo, podemos fazer muitas reflexões a partir dele e tivemos uma ótima conversa com o autor. 

A seguir a foto da instalação que fizemos para esperar nosso autor Cássio Pantaleoni!


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