Na medida em que consigo ter um distanciamento e tento pensar
no curso como um todo, percebo que as interdisciplinas se entrelaçam como uma
teia em que muitas vezes eu já não sabia mais se estava pensando na elaboração
das reflexões de uma interdisciplina ou de outra. As reflexões se completavam,
adentravam o território uma das outras. O pensamento complexo, exposto por
Moran, busca exatamente isso, que consigamos ver as relações existentes entre
as diferentes áreas de conhecimento, mostrando que nada é isolado, que não
acontecem coisas por si só, nem por causa e consequências diretas, mas sim por
uma complexa rede de acontecimentos, fatos, reflexões e ações de diversos
indivíduos. Ou podemos ainda citar os rizomas de Deleuze, com suas energias,
seus territórios, seus pontos de fuga, suas desterritorializações... E penso
que a grande lição que fica desse semestre para nós acadêmicas, seja justamente
isso, a riqueza de perceber que fazemos parte de uma grande contexto e
precisamos aprender a relacionar e refletir sobre todos os pontos envolvidos,
vendo suas ligações, para, talvez, interferir e contribuir para mudanças e
melhoramentos na educação, na vida, na perspectiva de nossos alunos e, por que
não, das nossas também.
sábado, 25 de julho de 2015
quinta-feira, 23 de julho de 2015
Reflexões a partir de alguns filmes assistidos durante o primeiro semestre do PEAD
Vale a pena incluir as reflexões que fiz a partir de filmes
sugeridos em algumas interdisciplinas. O filme Entre os muros da escola (2008) relata o cotidiano de uma escola
francesa com seus problemas, suas dificuldades, o desconforto dos professores e
alunos em lidar com a realidade ao seu redor. A cada momento do filme pude me
identificar. Assisti-lo foi como ver meus dias na escola se passarem na tela da
TV. A relação com os alunos, a sala dos professores, as reuniões pedagógicas,
as entregas de avaliações, a difícil decisão de como punir quem desobedece às
regras. Qualquer cena desse filme pode render uma reflexão na qual poderíamos
nos aprofundar e repensar muitos pontos de nossa prática. Gostaria de destacar
a cena em que um dos professores chega à sala dos professores e desabafa com
uma fala de “basta”, que iria deixar a escola por não aguentar mais o
desrespeito aos professores. Cena que nos faz pensar no mal estar que estamos
vivendo ao perceber a incrível realidade de que a escola não acompanhou as
mudanças da sociedade. Segundo Missio e Cunha (s/d, p. 6) “a escola se mantém
de maneira tenaz, impondo certos modos de conduta, de pensamento e de relações
próprias, independente das mudanças que ocorrem na sociedade” fazendo com que
os alunos se desinteressem e nós, professores, nos sintamos quase inúteis.
Passamos a nos perguntar constantemente sobre a função do professor e
fundamentalmente, como exercer essa função?
Diante das implicações, dos
desafios e conflitos que permeiam a função docente, e perante a complexidade da
educação no contexto da sociedade contemporânea, globalizada,
multiculturalista, imersa numa realidade complexa, requer do professor ações e
conhecimento polivalente (PRADO et all, s/d, p.4).
Esse conhecimento polivalente de que Prado nos fala implica
em uma constante reavaliação de nossa prática docente, em procurar por
formações nas mais diversas áreas do conhecimento, em ser mediador de
conhecimentos aos nossos alunos que vão muito além do currículo oficial, do
conhecimento técnico que nos levou ao cargo que hoje ocupamos. Essa reflexão
vem ao encontro da minha atual situação ao cursar o PEAD. Vim à procura de
conhecimentos que não fizeram parte da minha área de formação e que senti serem
necessários para minha prática, como expliquei anteriormente. Senti necessidade
de conhecer outras teorias sobre educação, estudos sobre as práticas de outros
professores, algo que me provocasse reflexões de modo que eu ampliasse meus
horizontes a fim de melhorar minha própria prática. E, ainda bem, minhas
expectativas estão sendo superadas!
Minhas reflexões, a partir do filme Gênio Indomável (1997),
foram as seguintes: a relação entre o garoto “gênio” e o psicanalista, que no
nosso caso representa a relação aluno professor, demonstra o quanto a conquista
da confiança entre duas pessoas pode transformar, não só o paciente, o aluno,
mas também o psicanalista, o professor. A relação de afeto, o deixar-se afetar,
relação já conhecida na antropologia, quando um etnógrafo faz uma pesquisa de
campo e deve deixar-se afetar pela cultura que pesquisa, tem o poder
transformador. Transforma o olhar daquele que aprende e daquele que ensina. E
então acontece o aprendizado, de ambas as partes, com prazer, com satisfação,
com transformação.
Trata-se de formarmos vínculos com os alunos. Não enxergá-los
como sujeitos distantes, depositários de conhecimento, mas sim como sujeitos
com uma história repleta de valores.
No caso do educador, para
alcançar esse êxito, não é possível apenas irradiar seu conhecimento. O que
está em jogo é o agenciamento de envolvimento na interação, de tal forma que,
com cuidado, possamos estar ativando afetos, desejos, conhecimentos devires nos
nossos sujeitos interlocutores (BAPTISTA, s/d, p. 4).
Às vezes, aulas sem
que nada do currículo oficial seja falado, mas sim relativos a assuntos que
estão latentes em determinados momentos serão muito mais significativas que a
exposição de conteúdos formais. Pode estabelecer um vínculo que fará com que o
aluno consiga estabelecer relações que não faria sem essa conversa que podemos
chamar de “informal”.
Precisamos nos abrir para novas formas de nos relacionarmos
com nossos alunos, respeitar suas necessidades, considerar seus gestos, suas
curiosidades, nos desprender do currículo oficial.
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